terça-feira, 28 de dezembro de 2010

300 de Esparta - Fatos Históricos : Parte 2

Continuando: A Grécia, tendo tomado conhecimento do exército inimigo, realizou uma reunião na cidade de Corinto, com representantes de todas regiões.

 Algumas cidades estavam pré-dispostas a se renderem, outras ficaram na neutralidade.

Atenas, Egina, Eubéia e Esparta decidiram formar uma frente de resistência. A estratégia escolhida foi cobrir a Grécia Central.

Para isso, uma única chance: preparar uma linha de resistência nas Termópilas. O estreito desfiladeiro, localizado entre uma montanha e o mar, era um ponto estratégico. Marcharam em direção a eles os espartanos, junto com alguns aliados.

Ao mesmo tempo, uma esquadra grega, formada principalmente por atenienses, tinha a missão de apoiar as operações terrestres. Quando Xerxes tomou conhecimento de um exército preparado para bloquear sua passagem, enviou batedores para tomar melhor conhecimento da situação. Ao descobrir o número de soldados do inimigo, não levou a sério a iniciativa e acreditou tratar-se apenas de "jogo de cena".

 Não tinha idéia do quão estava enganado. Ele acampou com seu séqüito por cerca de quatro dias, provavelmente porque parte de sua esquadra marítima havia sido destruída por uma violenta tempestade.

Outra possibilidade seria exatamente a de não acreditar na real intenção dos espartanos de guerrearem. No quinto dia, Xerxes ordenou o ataque. Começaram aí as surpresas: seus homens foram sucessivamente repelidos pelos bravos inimigos.

 Durante dois dias seguidos, divisão de tempo que podemos acompanhar nos quadrinhos, várias tentativas inúteis de subjugar os espartanos foram feitas, sem êxito. Nem mesmo os Imortais, a tropa de elite de Xerxes, obtiveram sucesso.

Ao mesmo tempo, ocorreu um confronto no mar, entre as naus gregas e persas, já enfraquecidas devido a uma forte tempestade. A batalha não teve vencedor, mas ficou clara a superioridade dos gregos nas águas.

 Os persas já não sabiam como atravessar a barreira dos espartanos. Foi então que um nativo, de nome Ephialtes, entregou uma passagem secreta que possibilitava cercar os inimigos.

Aqui temos outra boa sacada de Frank Miller: ele coloca o traidor na figura de um corcunda, um espartano que teria escapado de ser morto ao nascer (como mandava a tradição), devido ao seu defeito congênito.
Querendo juntar-se aos seus e não podendo, por decisão de Leônidas, acabou traindo os conterrâneos.

 Durante a noite, as posições foram ocupadas. Quando ficaram sabendo do ocorrido, os aliados dos espartanos decidiram partir. Mas estes, não. Fugir era intolerável, render-se, inadmissível. Antes morrer na glória da batalha, do que ser considerado covarde e desertor.

Chegou, então, o terceiro dia. Com a mais plena noção da impossibilidade de uma vitória, Leônidas e seus homens partiram para o ataque. Fizeram vítimas numa quantidade muito superior ao seu número. O rei sabia que era sua hora, pois o oráculo determinou que um monarca morreria naquela batalha. Ele e os seus lutaram primeiro com lanças, depois com espadas e, por fim, com os próprios punhos, até o final. Deixaram a vida, entraram para a história e se tornaram uma lenda heróica.

Xerxes ficou impressionado e teve sua confiança seriamente abalada pela determinação daqueles guerreiros. Sobre os oráculos de Delfos, existem duas versões: numa, Xerxes teve o apoio destes, que publicaram uma série de oráculos derrotistas e, por isso, quando invadiu a Grécia Central, ele poupou Delfos.

 A outra conta sobre um oráculo ter afirmado que a causa de Xerxes estaria perdida, caso este tocasse em Delfos, e isto fez com que deixasse o local intacto. Após abrir passagem pelas Termópilas, Xerxes permaneceu com seu intento.

Com o caminho livre, invadiu a Grécia Central. Destruiu cidades rebeldes, poupou outras que o acolheram e, finalmente, invadiu Atenas. A maioria dos cidadãos havia fugido devido à decisão do governo de evacuar a cidade. Os poucos moradores que ficaram foram assassinados; e casas e templos foram pilhados. Mas chegou o momento decisivo da batalha, que ocorreu no mar. A frota de Xerxes estava ancorada na enseada de Falera.

As naus gregas, em Salamina. Xerxes ordenou o ataque. Os persas tinham uma frota muito superior, mais que o dobro do que os inimigos dispunham. Quando a batalha começou, os gregos conseguiram sair da baía de Salamina e adotaram formação de combate.

Como o canal era estreito, os persas, que tinham suas naus carregadas de tropas, ficaram confusos e chegaram a trombar entre si. Os gregos atacaram com todas as suas forças, e conseguiram uma vitória fulminante. Xerxes assistiu a tudo, e tinha certeza que havia perdido uma batalha importante. Sem ter como abastecer seu exército, ordenou uma retirada.

Contudo, não desistiu de seu intento. Deixou na Grécia uma armada com vários milhares de homens. Essa armada, sob comando de Mardônio, voltou a invadir Atenas. Estes, cansados da guerra, ameaçaram uma aliança com os persas, caso Esparta não colaborasse para uma batalha decisiva.

 Os espartanos, então, enviaram seu exército, sob o comando de Pausânias, e novos confrontos aconteceram. Numa frente, os espartanos venceram os persas; enquanto os atenienses enfrentavam os beócios (aliados dos persas). Nova vitória dos gregos, obrigando a retirada final do inimigo. Também no mar, os invasores foram expulsos.

Era o fim dos sonhos de conquista de Xerxes. Como esta obra é uma adaptação, Miller tomou certas liberdades que poderiam soar como inverdades.

Caso um historiador decida por fazer uma análise mais arguta, poderá encontrar fatos um pouco distorcidos, talvez as vestimentas de alguns personagens não sejam exatamente aquelas.

Quem sabe reclame de Miller ter "simplificado" um acontecimento histórico a uma batalha entre o que o autor considera sendo o "bem" (os espartanos) contra o "mal" (os persas).

Mas, como não somos historiadores, ficamos com a única certeza de termos em mãos uma grande HQ.

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