Convidada por uma amiguinha para visitar a casa da sua avó, acabamos indo brincar no quarto da sua tia “solteirona” e como já éramos "dá pá virava" naquela época, fuçamos tanto que encontramos bem ali, embaixo do colchão (que esconderijo mais criativo), inúmeras revistinhas.
Deve ser difícil para a molecada
de hoje imaginar que levei onze anos para ver um pênis, quer dizer, a figura de
um pênis. Os livros de ciências deixavam muito a desejar e na época não existia
a tal da educação sexual, no máximo um vídeo grotesco sobre a prevenção das
DSTs.
Abandonamos as barbies por semanas, aqueles livrinhos então se
transformaram na nossa diversão mais divertida. Confesso que li todos, revia os
desenhos e decorava os diálogos, até comecei a reproduzir as gírias, que para a
minha idade estavam bem ultrapassadas.
Não imaginava por quanto tempo as
revistinhas já estavam no esconderijo da titia, mas parecia coisa antiga. As
histórias eram bem picantes sobre temas que povoavam as fantasias e desejos
sexuais dos homens daquela época, um tanto quanto machistas tenho que admitir.
Mas como tudo que é ótimo, dura pouco, certo dia chegamos ávidas para
mais um sarau erótico e todas as revistinhas tinham desaparecido, provavelmente
titia percebeu que estávamos compartilhando da sua literatura secreta. Decepcionadas,
voltamos a brincar como os tediosos brinquedinhos do Kinder Ovo.
Anos mais tarde, ainda me recordava do autor das revistinhas que fizera
toda e qualquer brincadeira perder a graça, era Carlos Zéfiro. Pesquisando
descobri que as revistinhas eram chamadas de catecismos, porque eram vendidas nas
bancas clandestinamente entre as décadas de 60 e 70, dentro dos catecismos
católicos, parecidos com os livretos distribuídos nas missas.
Carlos Zérifo era o pseudônimo
de Alcides Aguiar Caminha, funcionário público que, preocupado com o emprego
preferiu ficar no anonimato, até que em 1991 deu uma entrevista para revista
Playboy. Tudo começou quando um colega de trabalho pediu para que ampliasse os
desenhos de revistinhas italianas de sacanagem. Depois disso começou a desenhar
e criar suas próprias histórias. Chegou a vender desenhos para o Uruguai e
Argentina, mas confessou que não obteve muito dinheiro com as publicações.
Muitos especialistas contestam a
versão de que Caminha e Zérifo sejam a mesma pessoa, afirmando que os desenhos
possuíam traços diferentes, o que levaria a crer que os catecismos eram produzidos
por uma equipe de autores. Só sei que as revistinhas de Carlos Zéfiro devem ter
sido o único catecismo que muitos brasileiros conheceram, inclusive eu.
Curta Metragem baseado nas obras de Carlos Zéfiro:
No site oficial Carlos Zérifo dá para ler vários
catecismos:
hahaha legal...
ResponderExcluirvaleu Bardo!
ExcluirMuito legal, bem parecida quando meu primo e eu encontramos as revistas pornograficas do meu tio.... pena que não eram em quadrinhos...
ResponderExcluirBoaaa....muito boaaa....
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