domingo, 10 de junho de 2012

Homoafetividade nos quadrinhos


Uma polêmica situação marcou o universo dos quadrinhos nas últimas semanas e a repercussão pode ser vista em portais e blogs de notícias quadrinísticas ao redor do mundo. As bancas e revistarias americanas receberam a publicação mensal da DC Comics na qual um tradicional super-herói assume sua homossexualidade: o Lanterna Verde original, Alan Scott. A notícia vem completar o anúncio feito a meses atrás em que a temática da homoafetividade transitaria pelas páginas das HQs, novamente.




Criado há mais de setenta anos, ele assume sua homossexualidade nas páginas de "Earth 2" número #2, da DC Comics, que aporta no mercado de HQs com a promessa de se tornar o best-seller do ano, graças à polêmica sobres a imagens de Scott beijando um rapaz que foram divulgadas. Na edição, os fãs testemunharão o início da jornada de Scott para se tornar o herói cósmico, além de serem apresentados ao namorado dele.
Como parte da “New 52″, uma grande recriação do universo DC em uma série de 52 revistas iniciada ano passado, Scott está no auge de sua vida. O escritor de “Earth 2″, James Robinson, descreve o Lanterna Verde como seu personagem preferido da Era de Ouro dos Quadrinhos, período entre os anos 1930 e 1950 quando foram criados personagens como Super-Homem, Batman, Capitão América, Mulher Maravilha e Capitão Marvel.
Pesquisadores americanos arriscam que o crescimento de gays e lésbicas nas histórias de editoras como a DC e a Marvel — líderes de vendas — chegou  cifras consideráveis no ano de 2002.
Os cientistas já entenderam que, sendo biológico ou cultural, a homossexualidade simplesmente existe no mundo - seja na cultura mais conservadora possível ou na mais liberal, seja hoje, em pleno século XXI ou na Grécia Clássica, seja entre seres humanos ou entre outros animais (de girafas a macacos, passando por gansos e golfinhos, vários animais apresentam comportamentos homossexuais), a constância das práticas homoafetivas no tempo e no espaço deixa bem claro: a que homossexualidade é natural.
Esta é a primeira vez que um super-herói mítico tem a opção sexual modificada para capturar novos públicos. Embora existam vários Lanternas Verdes — sendo o mais famoso Hal Jordan, fazendo fama na década de quarenta. E o responsável por sua mudança, o roteirista James Robinson, promete, para os próximos meses, modificar a sexualidade de outro mito, cujo nome ainda mantém em segredo.
Este fenômeno editorial vem em resposta ao lançamento da MARVEL Comics ligado ao amor entre dois homens. A editora americana jogou nas bancas, no dia 25 de maio, "Astonishing X-Men" número #51, da Marvel Comics, dedicada ao casamento entre o mutante Estrela Polar e seu namorado.



A capa do gibi, na qual o vigilante beija seu futuro marido, já deflagrou protestos de entidades religiosas e associações em prol da família. Algumas entidade cristãs e conservadoras antipatizam com a questão e afirmam que o gesto de Scott e de Estrela Polar não seja adequado a títulos voltados para o público jovem.
A iniciativa não é novidade no mercado. Estrela Polar foi o primeiro super-herói importante a assumir publicamente ser gay, em 1992, em "Alpha Flight" número #106. Desde sua criação, nos anos 1970, por John Byrne, ele foi idealizado para ser gay, mas a Marvel rejeitou a ideia por anos. Antes dele, a saga "Milênio", da DC Comics, publicada aqui em 1989, trouxe um coadjuvante superpoderoso gay: o peruano Extraño, que desapareceu das páginas das revistas.
A HQ tornou-se um fenômeno editorial que em 92, fez esgotar a edição em que Estrela Polar se assume gay em uma semana. Mas as menções posteriores à sua homossexualidade foram raríssimas nesses 20 anos que se seguiram.
Um outro importante gibi de publicação da década passada trouxe a união entre dois heróis. O casamento dos justiceiros Apolo e Meia-Noite na série "Authority", da WildStorm, um selo editorial da DC.
No cenário político americano, o Estado de Nova York legalizou o casamento gay em junho de 2011. A opinião pública também aponta que tais publicações estariam sintonizadas com a posição favorável do presidente americano Barack Obama, à união civil entre homossexuais, em ano de eleição nos EUA.
O próprio editor da revista, Palmer, afirma não ter motivações políticas dizendo que o aumento de gays e lésbicas nos gibis foi demorado. O criador dos caubóis gays Rocky e Hudson, em 1987, o cartunista Adão Iturrusgarai diz que o aumento de heróis gays é reflexo de uma evolução pelas conquistas homossexuais.
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© Fonte Infoglobo Comunicação e Participações S.A. 

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