Estou de volta pessoal para brindar com vocês a reimpressão de um clássico dos quadrinhos escrito por Allan Moore e David LLoyd no início dos anos 80, mas que apresenta assunto atualíssimos. A grafic novel que volta às bancas nos próximos meses é V de Vingança, um ícone da nona arte.
Londres, noite de 5 de novembro de 1997. Embora para nós esse ano já tenha passado há tempos, quando um certo gênio inglês dos quadrinhos começou a escrever esta história em 1981, tratava-se de um futuro bem distante. A jovem Evey Hammond, desesperada, tenta se prostituir para completar o orçamento doméstico, mas cai nas mãos dos homens-dedo, agentes, em teoria,responsáveis pela ordem nas ruas.
Numa Inglaterra dominada por um regime totalitário, uma figura misteriosa chamada simplesmente V, usando vestimentas e uma máscara que evocam a imagem de um infame personagem histórico britânico, desponta no horizonte como a única chance de que haja liberdade novamente.
Evey é salva por uma misteriosa figura mascarada, conhecida por codinome V. Ele acolhe a jovem e lhe mostra o começo de um plano que vai durar um ano. O Parlamento inglês explode na mesma data onde, em 1605, um homem chamado Guy Fawkes tentou o mesmo e falhou. Desta vez, o 5 de novembro será lembrado para sempre como o começo da queda da ditadura britânica.
Este é o começo de V de Vingança, seminal trabalho do mestre Alan Moore, junto com o desenhista David Lloyd, publicado originalmente em 1981 na revista inglesa Warrior em capítulos. A série só foi publicada nos EUA pela DC Comics em 1988 como uma minissérie em 10 edições.
Moore nos apresenta uma visão de futuro sombria, onde guerras e doenças levaram a Inglaterra a um regime fascista e intolerante controlado pelo homem chamado Líder. Os cidadãos são vigiados constantemente e parecem conformados com a situação, à exceção de V, que, a princípio sozinho e depois com a ajuda de Evey, pretende derrubar o Líder e os principais órgãos de sua ditadura: os Olhos, o Ouvido, o Nariz, a Boca e os Dedos.
Claro, V também tem seus motivos, sendo estes menos nobres. Ele foi um prisioneiro de um campo de concentração usado como cobaia para experimentos. Fora isso pouco se sabe sobre sua história. Mas as pessoas responsáveis pelo inferno a que ele e os outros detentos do campo de Larkhill foram submetidos irão pagar caro pelas atrocidades cometidas. Afinal, a vingança é um prato melhor servido frio.
O clima opressor que dura por toda a leitura é maximizado por um senso de perversão dos homens no poder. Há o bispo pedófilo (envolvendo Evey vestida de criança) e o próprio Líder e seu amor incondicional por uma máquina (e os boatos de que ele seria virgem), servindo como uma metáfora para mostrar que o poder absoluto eventualmente deturpa tudo e todos. O próprio V também é bem cruel em sua vingança, mas afinal, ele tem os seus motivos.
A graphic novel é uma leitura um tanto pesada, por seu tema, tamanho e grande quantidade de texto, então é preciso reservar um bom tempo para apreciá-la com calma (e acredite, vale a pena). A arte de David Lloyd é boa, porém nada de excepcional. É um estilo de traço que também envelheceu um pouco, porém não compromete a apreciação da arte.
No Brasil, V de Vingança foi publicada três vezes até o momento. Em 1989, pela Editora Globo, como uma mini em 5 partes colorida, e em 1998/99 pela Via Lettera, em dois volumes em preto-e-branco e em abril de 2006 quando a PANINI reuniu a obra em um único volume com um prefácio de Allaan Moore de 1988 e outro de Lloyd em 1990. Esta edição também trás um artigo publicado em 1983 na revista Warrior #17 juntamente com a edição inglesa de V, neste mesmo país. A Panini planeja republicar este excelente trabalho em um volume único colorido. Esta é a chance ideal para quem planeja conhecer ou mesmo colecionar esse grande clássico em quadrinhos.
Roteiro: Alan Moore | Arte: David Lloyd
Editora Panini
Hq de muito boa, cofre certo.
ResponderExcluir