Chris Claremont o roteirista que revolucionou os quadrinhos
do X-Men esteve na Rio Comion , é a primeira vez que o autor vem a uma
convenção brasileira , ele concedeu uma entrevista para o site OMELETE , e
falou um pouco sobre sua paixão pelos mutantes mais famosos dos quadrinhos :
É óbvio que você é famoso por seu longo período à frente dos
X-Men, entre 1975 e 1991, mas desde então você não tem publicado quadrinhos
regularmente. Um escritor de quadrinhos consegue montar uma boa aposentadoria
só com os royalties do que fez nestes 16 anos?
A resposta mais fácil é sim, desde que o escritor pense a
longo prazo e saiba cuidar do seu dinheiro. Mas também trabalho regularmente
desde então, tanto nos quadrinhos quanto em prosa, escrevendo livros (incluindo
a trilogia Shadow War, sequência do filme Willow, em parceria com George
Lucas). Atualmente tenho um livro de fantasia dark urbana para jovens
circulando pelas editoras e estou começando outros dois.
No mesmo sentido, o que faz você voltar aos quadrinhos, vez
por outra? E especificamente ao universo dos X-Men?
A resposta mais simples é que ainda gosto dos personagens.
Acho as pessoas e suas vidas fascinantes e, no fim das contas, é porque ainda
tenho histórias para contar com eles.
Você criou vários personagens durante sua passagem pelos
X-Men. Tem algum que você gostaria de ter desenvolvido melhor? Ou houve algum
que teve que ganhar mais espaço por força do editorial ou demanda do público?
A grande frustração dos quadrinhos é que o escritor tem um
número determinado de páginas para contar a história: veja só, 100 quadros por
edição, 12 a 15 edições por ano. Pode ser suficiente para um personagem solo;
para um grupo, principalmente os X-Men, nunca é espaço suficiente. Uma coisa é
estabelecer os heróis, estabelecer os vilões, estabelecer personagens
periféricos (mas legais), montar a ambientação e os conflitos, resolver os
conflitos. Isso já é uma cacetada de coisas e não importa como você queira
equilibrar a balança, algum personagem sempre acaba ficando no corredor da
morte.
Você pode estar trabalhando com um desenhista que gosta do
Personagem A, enquanto o escritor gosta do Personagem B; ou o editor ou os
leitores se apaixonam pelo Personagem C. O resultado é a tentativa contínua de
equilibrar as demandas do instinto criativo e do mercado e fazer o máximo
possível para inventar histórias empolgantes que vão manter a vontade dos
leitores de voltar.
O que você pensa dos cinco X-filmes? Como é ver personagens
e tramas que você desenvolveu chegarem à telona e a uma plateia internacional?
Amei todos. Putz, como é que eu não ia gostar do Ian McKellen
(e Michael Fassbender) de Magneto, ou do Hugh Jackman como Logan, ou da Halle
Berry de Ororo, ou da Ellen Paige de Kitty (sem falar em Liev Schreiber/Dentes
de Sabre, Famke Janssen/Jean, Anna Paquin/Vampira, Kelsey Grammer/Fera, James
Marsden/Ciclope e, ah, claro, Patrick Stewart (& James Mcavoy)/Charles).
Vivas à produtora Lauren Shuler Donner por um dos melhores instinto de casting
do mercado e por reunir algumas das melhores mentes criativas no negócio do
cinema para dar vida a estes personagens e estas histórias.
E acredite: não aguento mais esperar para saber o que será
do próximo filme do Wolverine, que dizem que será uma adaptação da minissérie
que eu fiz com Frank Miller.
Toca o telefone e você é convidado para escrever o próximo
filme dos X-Men. Qual seria a trama?
Alguma coisa nova, completamente inesperada e que acaba
sendo extremamente divertida.
Você já escreveu histórias que se passam no Brasil - e até
criou um personagem brasileiro, o Mancha Solar dos Novos Mutantes. O que já
sabia sobre o país na época?
Como surpreendentemente acontece com várias coisas na vida
de um escritor, aprendi o que consegui aprender lendo (história e a National
Geographic, para começar, são ferramentas essenciais para qualquer escritor na
ativa), assim como uma abundância de filmes que se passam na América do Sul.
Não é incrível que a mesma cordilheira sempre dê um jeito de aparecer como
fundo em filmes no Velho Oeste, nos Andes, nos Himalaias, até no norte
africano, se não em um ou outro planeta distante? :)
Quantas vezes "Eu sou o melhor no que faço" lhe
ajudou com as mulheres?
Nunca tentei. Parafraseando Clint Eastwood, todo homem tem
que saber suas limitações.
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