terça-feira, 25 de outubro de 2011

Entrevista: Chris Claremont



Chris Claremont o roteirista que revolucionou os quadrinhos do X-Men esteve na Rio Comion , é a primeira vez que o autor vem a uma convenção brasileira , ele concedeu uma entrevista para o site OMELETE , e falou um pouco sobre sua paixão pelos mutantes mais famosos dos quadrinhos :


É óbvio que você é famoso por seu longo período à frente dos X-Men, entre 1975 e 1991, mas desde então você não tem publicado quadrinhos regularmente. Um escritor de quadrinhos consegue montar uma boa aposentadoria só com os royalties do que fez nestes 16 anos?

A resposta mais fácil é sim, desde que o escritor pense a longo prazo e saiba cuidar do seu dinheiro. Mas também trabalho regularmente desde então, tanto nos quadrinhos quanto em prosa, escrevendo livros (incluindo a trilogia Shadow War, sequência do filme Willow, em parceria com George Lucas). Atualmente tenho um livro de fantasia dark urbana para jovens circulando pelas editoras e estou começando outros dois.
 Veja bem, a verdade é que a maioria dos escritores nunca para. Se a porta dos quadrinhos fecha, seja qual for o motivo, é só ir na porta seguinte, que pode se abrir para algo ainda mais divertido.

No mesmo sentido, o que faz você voltar aos quadrinhos, vez por outra? E especificamente ao universo dos X-Men?

A resposta mais simples é que ainda gosto dos personagens. Acho as pessoas e suas vidas fascinantes e, no fim das contas, é porque ainda tenho histórias para contar com eles.

Você criou vários personagens durante sua passagem pelos X-Men. Tem algum que você gostaria de ter desenvolvido melhor? Ou houve algum que teve que ganhar mais espaço por força do editorial ou demanda do público?

A grande frustração dos quadrinhos é que o escritor tem um número determinado de páginas para contar a história: veja só, 100 quadros por edição, 12 a 15 edições por ano. Pode ser suficiente para um personagem solo; para um grupo, principalmente os X-Men, nunca é espaço suficiente. Uma coisa é estabelecer os heróis, estabelecer os vilões, estabelecer personagens periféricos (mas legais), montar a ambientação e os conflitos, resolver os conflitos. Isso já é uma cacetada de coisas e não importa como você queira equilibrar a balança, algum personagem sempre acaba ficando no corredor da morte.

Você pode estar trabalhando com um desenhista que gosta do Personagem A, enquanto o escritor gosta do Personagem B; ou o editor ou os leitores se apaixonam pelo Personagem C. O resultado é a tentativa contínua de equilibrar as demandas do instinto criativo e do mercado e fazer o máximo possível para inventar histórias empolgantes que vão manter a vontade dos leitores de voltar.

O que você pensa dos cinco X-filmes? Como é ver personagens e tramas que você desenvolveu chegarem à telona e a uma plateia internacional?

Amei todos. Putz, como é que eu não ia gostar do Ian McKellen (e Michael Fassbender) de Magneto, ou do Hugh Jackman como Logan, ou da Halle Berry de Ororo, ou da Ellen Paige de Kitty (sem falar em Liev Schreiber/Dentes de Sabre, Famke Janssen/Jean, Anna Paquin/Vampira, Kelsey Grammer/Fera, James Marsden/Ciclope e, ah, claro, Patrick Stewart (& James Mcavoy)/Charles). Vivas à produtora Lauren Shuler Donner por um dos melhores instinto de casting do mercado e por reunir algumas das melhores mentes criativas no negócio do cinema para dar vida a estes personagens e estas histórias.

E acredite: não aguento mais esperar para saber o que será do próximo filme do Wolverine, que dizem que será uma adaptação da minissérie que eu fiz com Frank Miller.

Toca o telefone e você é convidado para escrever o próximo filme dos X-Men. Qual seria a trama?

Alguma coisa nova, completamente inesperada e que acaba sendo extremamente divertida.

Você já escreveu histórias que se passam no Brasil - e até criou um personagem brasileiro, o Mancha Solar dos Novos Mutantes. O que já sabia sobre o país na época?

Como surpreendentemente acontece com várias coisas na vida de um escritor, aprendi o que consegui aprender lendo (história e a National Geographic, para começar, são ferramentas essenciais para qualquer escritor na ativa), assim como uma abundância de filmes que se passam na América do Sul. Não é incrível que a mesma cordilheira sempre dê um jeito de aparecer como fundo em filmes no Velho Oeste, nos Andes, nos Himalaias, até no norte africano, se não em um ou outro planeta distante? :)

Quantas vezes "Eu sou o melhor no que faço" lhe ajudou com as mulheres?

Nunca tentei. Parafraseando Clint Eastwood, todo homem tem que saber suas limitações.


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