domingo, 15 de maio de 2011

Especial Thor : 50 anos - Parte 2


Em 1962, surgiu o deus nórdico Thor nas HQs.  Personagem esse que apresentava em sua origem, como uma de suas características marcantes, a convivência aparentemente intransponível com uma situação adversa: ele é, na realidade, um médico medíocre, franzino e deficiente físico, que tem dificuldade para declarar seu amor à sua enfermeira. Mas, além disso, fazia uma relação direta dos super-heróis dos quadrinhos com o campo da mitologia, enveredando pelas narrativas dos deuses nórdicos, repletas de mistérios e fascínios.




A convivência do herói fisicamente limitado com seu alter-ego divino revelou-se uma fórmula vitoriosa, garantindo a sobrevivência do personagem quadrinhístico durante anos a fio. Também participou desse sucesso a plêiade de personagens coadjuvantes que Lee pouco a pouco foi adaptando ou criando e acrescentando às histórias do Deus do Trovão. E os exemplos são muitos e fascinantes: o arquivilão Loki, Deus do Mal, feiticeiro e meio-irmão de Thor, que nutre pelo herói um ódio visceral e se desdobra em artimanhas para destruí-lo; Odin, o senhor de todos os deuses de Asgard; Balder, o melhor amigo do herói; os três guerreiros Fandral, Hogun e Volstagg, uma paródia dos Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas; e a deusa da Morte Hela. A esses personagens, releituras de criações lendárias ou da literatura, mesclavam-se locais e acontecimentos diretamente retirados das narrativas mitológicas nórdicas, como o reino Valhala, local para onde vão todos os espíritos dos guerreiros que morrem em combate; a Ponte do Arco-Íris, que liga os nove mundos de Asgard; e o Ragnarök, metáfora para o apocalipse.

Desde seu início, Thor mostrou-se um personagem carismático que cativou grande número de leitores. Os traços firmes de Kirby, aliados às narrativas instigantes de Lee, que dosavam heroísmo, cavalheirismo e uma linguagem empolada – Thor utiliza um inglês shakespereano, que infelizmente perdeu todo o seu fascínio quando de sua tradução para o português -, garantiram a permanência do Príncipe de Asgard nas bancas de revistas, iniciando uma tradição que já dura quase 50 anos. Nesse período, Thor transformou-se em um dos mais importantes personagens da editora Marvel Comics, sendo roteirizado e desenhado por muitos artistas de destaque. Com o tempo, inclusive, suas aventuras foram ficando mais complexas, enveredando mais a fundo no terreno da Mitologia e deixando um pouco de lado os dramas psicológicos. Isso parece ter agradado ao público, atraindo aos quadrinhos vários admiradores das narrativas mitológicas.




Logicamente, como ocorre com todo personagem de quadrinhos que se origina de uma grande editora dedicada à produção massiva, as histórias de Thor apresentaram altos e baixos, dependendo dos artistas que por elas foram responsáveis. Mas os períodos ruins são rapidamente esquecidos pelos leitores, que preferem guardar na memória apenas aquelas narrativas de maior destaque, seja do ponto de vista de uma arte gráfica inusitada, seja sob a égide de um enredo fascinante. Nesse meio século de existência, o Deus do Trovão foi protagonista de séries ou histórias memoráveis, que até hoje fazem a alegria de muitos leitores. Entre elas, podem ser destacadas aquelas elaboradas por Walt Simonson, na década de 1980, que trouxe uma visão muito particular ao herói e introduziu personagens memoráveis, como o alienígena Bill Raio Beta, que durante algum tempo substituiu o filho de Odin.


No Brasil, Thor foi lançado em quadrinhos pela Editora EBAL, do Rio de Janeiro, em 1967, na revista Álbum Gigante. Posteriormente, teve títulos próprios pelas editoras fluminenses GEA (Grupo de Editores Associados, em 1972) e Bloch (em 1975). A partir de 1979, foi publicado pela editora Abril, de São Paulo e continuaria depois sua trajetória pela Editora Panini, já na década de 2000, atualmente a editora responsável pela publicação dos personagens Marvel no país. Em nenhuma dessas duas chegou a ter um título seriado próprio, saindo como componente de revistas com vários personagens (Heróis da TV e Superaventuras Marvel, na Abril, e Os Novos Vingadores e Homem de Ferro e Thor, na Panini), ou em minisséries especiais. Embora não tendo um título próprio, o personagem mantém um fiel número de seguidores, o que tem garantido a sua inclusão nas publicações da editora. Nada leva a crer que isso deixará de ocorrer em futuro próximo, ainda mais agora, em 2011, quando estreia nos cinemas mundiais a versão cinematográfica do personagem.

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