quarta-feira, 9 de março de 2011

Mulheres e Histórias em Quadrinhos Parte 2

Mas nenhum outro título trouxe tanto o público feminino para o mercado de quadrinhos norte-americanos quanto Sandman, a genial criação de Neil Gaiman lançada em 1989. As histórias, centradas no rei do mundo dos sonhos e em seu universo, não se furtavam a tratar de assuntos variados como filosofia, literatura, psicologia e crenças religiosas. Os leitores mais sofisticados aprovaram e começaram a usar o título para mostrar às mulheres em suas vidas – ou as mulheres que eles gostariam que estivessem em suas vidas – que os quadrinhos não tinham apenas homens musculosos se esmurrando, mas que podia existir muita vida inteligente neles.
(Antes que alguém reclame da frase acima: não é que não houvesse assuntos inteligentes nas HQs de super-heróis convencionais. O problema é que elas nem sempre aspiravam a ser algo mais especial, como era Sandman).

A revista escrita por Gaiman logo se tornou um grande sucesso de vendas e, em grande parte, porque as mulheres começaram a comprá-la também. Subitamente, as editoras perceberam algo: mulheres também gostavam de Histórias em Quadrinhos... contanto que elas fossem boas! Com o tempo, mais e mais revistas que apelavam também ao público feminino foram surgindo. Sandman foi uma das revistas que deu origem à linha Vertigo, uma das campeãs de vendas entre as fãs de HQs. Talvez não por coincidência, a Vertigo era comandada pela muito competente Karen Berger, que trouxe uma sensibilidade diferente à linha, talvez por ser formada em Literatura e em História da Arte.
Atualmente, o dinheiro do público feminino é tão desejado pelo mercado que a Marvel até lançou há pouco o título Girl Comics (Quadrinhos para Garotas, em tradução livre), uma revista feita exclusivamente por mulheres, desde à edição até o letreramento. Já a DC tem, entre outros, o título Birds of Prey, que traz uma equipe formada apenas por heroínas, é escrita pela roteirista Gail Simone e já teve desenhos da brasileira Adriana Melo.
Os quadrinhos precisam de mais mulheres Um dos maiores problemas do mercado de quadrinhos ocidental é que o público não está se renovando. Crianças não são mais atraídas pelas HQs de super-heróis e para aventuras em papel de Batman como já foram no passado. Por isso, é uma boa hora para ajudar a salvar o mercado atraindo as mulheres para os quadrinhos. Talvez não seja uma tarefa das mais fáceis, mas também não é impossível. Diga a elas que no Japão e na Europa as mulheres leem muitas HQs e as adoram (o que, para nossa inveja eterna, é verdade). Comece a indicar quadrinhos legais e inteligentes para elas. Explique que são como filmes, com boas histórias e personagens cativantes. Quer algumas dicas sobre o que indicar? Aí vão:
Estranhos no Paraíso, de Terry Moore, sobre duas amigas envolvidas com namorados, ex-namorados, amores impossíveis e as tragicomédias do dia-a-dia.
Fábulas, de Bill Willingham, sobre os personagens dos contos de fadas vivendo na Nova York moderna em meio a conspirações, dramas, romances e aventuras. Aqui, o Lobo Mau namora a Branca de Neve. Que mais alguém precisa saber?
Os Mortos-Vivos, de Robert Kirkman e Charlie Adlard, é uma história de zumbis dominando o mundo e pode não parecer a melhor opção de HQ para uma mulher, mas mesmo assim elas adoram. Pode confiar.
Sandman, de Neil Gaiman, é uma das melhores HQs de todos os tempos e um clássico eterno. Se você ainda não sabe porque, vá descobrir.
Fracasso de Público, de Alex Robinson, mostra um grupo de amigos jovens lutando por seus sonhos e por suas carreiras na assustadora cidade de Nova York em meio a muito humor, drama, romances fracassados, empregos ruins e referências ao mercado de quadrinhos.
Retalhos, de Craig Thompson, conta a história do próprio autor tentando achar a felicidade após uma infância complicada e regida por valores religiosos um tanto opressores.
Y: O Último Homem, de Brian K. Vaughan e Pia Guerra, mostra uma praga que mata todos os homens do mundo, com uma exceção: o herói Yorick, que parte por um mundo em caos para tentar achar a namorada perdida. É considerada por muitos como a melhor HQ dos últimos anos.
Scott Pilgrim contra o Mundo, de Bryan Lee O’Malley, tem um herói bacana (mas meio perdido na vida) tentando conquistar a garota mais legal do mundo e se livrar dos sete ex-namorados dela, todos canalhas. da pior espécie Ou seja: mais ou menos o que acontece em qualquer relacionamento...
Se tiver outras sugestões de HQs legais para o público feminino, indique abaixo.
Ok, agora mãos à obra. Vamos ajudar os quadrinhos, tentando trazer mais mulheres até eles. O pior que pode acontecer é deixarmos o mercado mais bonito.

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