As Histórias em Quadrinhos, também chamadas de Nona Arte, fazem parte do contexto histórico e social que as cercam. Elas não surgem isoladas e isentas de influências. Na verdade, as ideologias e o momento político moldam, de maneira decisiva, até mesmo o mais descompromissado dos gibis.
Se vislumbrarmos os gibis com olhar crítico, podemos traçar um breve paralelo para explicar a importância que este veículo teve (e ainda tem) em nossa sociedade. Veremos heróis feitos sob encomenda, verdadeiros garotos propaganda ideológica, se ficarmos apenas com o nicho dos Super Heróis. Claro que temos os personagens engajados, críticos, bem humorados e recheados de ironias, mas se focarmos nos Heróis, veremos três Eras distintas para estes fascinantes seres, destaco nesse post a Era de Ouro.
A Era de Ouro foi um período na história das histórias em quadrinhos norte-americana, situado entre 1938 e meados dos anos 50 do século XX, durante o qual o estilo obteve grande popularidade. Nesse período foi inventado e definido o gênero dos super-heróis, com a estréia de alguns de personagens dos mais conhecidos do gênero.
Os fãs concordam que a Era de Ouro começou em 1938 com o surgimento do Super-Homem na revista Action Comics número 1, publicada pela DC Comics.
‘’E de repente, de um clarão do céu, de uma cratera numa pacata fazenda americana, surge o bebê que virá a ser o Super Homem.’’ Criado em 1933 pelos jovens Jerry Siegel e Joe Shuster, só chegou às bancas em 1938, depois que a dupla vendeu seus direitos para a DC Comics, no famoso gibi Action Comics 1. Poucos meses depois, teria início a Segunda Guerra Mundial, deflagrada pelas ações expansionistas de uma Alemanha comandada por Adolf Hitler desde 1933. No caldeirão ideológico daqueles anos, os quadrinhos logo despertaram interesses políticos. E o Homem de Aço, como um dos principais representantes desta forma de arte, não escapou de ser alvo de polêmica.
Em tempos de guerra, símbolos como este tinham a função de imbuir esperança no ideal americano, num momento pós Grande Depressão, de recuperação de auto-estima do povo e principalmente reestruturação econômica.
Os Nazistas pregavam a Raça superior… porém o individuo “perfeito” seria um alienígena, de belo topete pega-rapaz, com poderes inconcebíveis (que alias são uma reunião estranha, que nenhum escritor até hoje entendeu direito) e seu maior atributo: ter como lar os Estados Unidos da América. Batman, Mulher Maravilha e companhia engrossaram as fileiras da editora a partir de então.
Outros vieram na seqüência, sob a chancela de outra editora (a Timely, que no futuro se tornaria a hoje poderosa Marvel Comics). Em 1939, Namor, o Príncipe Submarino surgiu como o inimigo número um de toda a humanidade. Para nos defender, nós, pobres mortais, contávamos com a valentia do Tocha Humana, um andróide flamejante dotado de tecnologia muito além do seu tempo (e do nosso também!).
Criado por Bill Everett, Namor McKenzie era um raro híbrido filho de humanos e atlantes, dotado de grande força, domínio sobre o mundo aquático, dom de voar e capacidade de respirar dentro e fora d’água. O Tocha, por sua vez, foi apresentado aos leitores no primeiro gibi da Marvel, o Marvel Comics 1, numa história escrita e desenhada por Carl Burgos. Apesar do nome, ele não era realmente humano, mas um robô confeccionado pelo Prof. Phineas Horton.
Steve Rogers tinha tudo que poderia representar de incentivo ao povo americano para se recuperar de vez da Depressão e ganhar a Segunda Guerra: nascido franzino, numa casa amarela de madeira, com cerca de madeira branca, rua pacata do interior, o jovem Steve se alista no exercito para defender seu país da ameaça nazista, porém muito mirrado, foi rejeitado… mas não esquecido. Acabou sendo recrutado como cobaia no experimento para a criação do supersoldado. Com sucesso, agora alto, forte e idealista, armado de seu escudo e do American Way of Life, foi à guerra com os outros heróis.
Algumas características de edição eram interessantes nestes personagens. Dentre elas, as cores dos uniformes. Quase todos baseados nas cores primárias (azul, amarelo e vermelho), alem do branco e preto, pois as gráficas da época não dispunham de recursos para produção dos tons comuns de hoje em dia.
Nos 50, com a publicação do livro A Sedução dos Inocentes, os quadrinhos passaram a ser combatidos pelos acadêmidos ligados à área da Psicologia e do Comportamento. Como resposta às pressões, as editoras desenvolveram o Código de Ética dos Quadrinhos, o que fez com que o número de leitores diminuisse.
A partir da reformulação de vários super-heróis da era dourada, iniciada no fim dos anos 50 e no início dos anos 60 pelas Editora DC Comics e Marvel, que relançaram o Flash, o Lanterna Verde, o Gavião Negro e o Capitão América, Namor, Tocha Humana e Ka-Zar, por exemplo, foi iniciada um novo período de sucesso . Começava assim a Era de Prata. Até o próximo post.
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